sexta-feira, 21 de junho de 2013

Justiça determina que Telexfree não pode mais recrutar divulgadores (21/06/13)







Foto: Divulgação
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Divulgadores recebem prêmios durante festa da Telexfree













A Telexfree está proibida em todo o país de fazer adesão de novos divulgadores e de também pagar as bonificações aos atuais associados da empresa.   

A decisão liminar, da Justiça do Acre, feita pela juíza Thaís Queiroz Borges de Oliveira Abou Khalil, determina ainda a indisponibilidade de todos os bens dos sócios da companhia, como carros, imóveis e contas bancárias.
As denúncias contra a Telexfree tiveram início em janeiro, quando o Procon do Acre verificou indícios de formação de esquema Ponzi. A partir daí, investigações contra a empresa despontaram em todo o país, inclusive no Espírito Santo.

Na decisão, que já está valendo, a juíza solicita ao Banco Central e à Receita Federal todas as informações financeiras e fiscais da Telexfree, seus sócios e cônjuges. Também obriga a empresa a informar em seu site o impedimento de fazer novos cadastros e adaptar seu sistema para que nenhuma adesão seja realizada.

A autora da medida cautelar preparatória de uma ação civil pública contra a Telexfree é a Promotoria de Defesa do Consumidor do Acre. Ó órgão terá 30 dias para apresentar a ação civil principal. Já a Telexfree tem 10 dias para apresentar os documentos exigidos pela Justiça sob pena de multa diária de R$ 500 mil.

A promotora do Consumidor do Acre, Nicole Gonzales, afirma que a liminar é o primeiro passo para combater as irregularidades da empresa. “Ainda não sabemos de vítimas da Telexfree, porém toda pirâmide financeira paga de forma correta as pessoas envolvidas e de um dia para a noite fecha as portas e para de realizar as bonificações. Foi assim com a Avestruz Master”.

No caso do esquema do Avestruz, de 1998 que ruiu em 2005, os prejuízos estimados são de R$ 1 bilhão. As pessoas eram atraídas a investir na compra de avestruz e de chamar novos investidores para o negócio.

Penalidades

A liminar impede a Telexfree de realizar novos recrutamentos e de realizar o pagamento para os divulgadores até o julgamento final da ação. Se a empresa desrespeitar a decisão, receberá multa diária de R$ 500 mil. E além disso, poderá também ser penalizada em mais R$ 100 mil por cada cadastro que fizer de forma irregular.

Segundo a juíza, o bloqueio dos bens dos sócios  tem a finalidade de garantir que as pessoas que integram a rede sejam ressarcidas e não amarguem prejuízo financeiro.

“Há urgência em paralisar o crescimento da rede, como forma de evitar seu esgotamento e consequentes prejuízos... O que se percebe são fortes indícios de prática ilícita e quiçá criminosa, apta a atingir negativamente a milhares de pessoas, não apenas no Acre, mas em todo o Brasil e também em outros países onde já há participantes da rede que construiu”, diz.

Na decisão, a juíza solicita à Junta Comercial do Espírito Santo, ao Detran/ES e aos cartórios de registro imobiliários do Estado dados sobre os bens e impede qualquer operação envolvendo essas propriedades.

Empresa atraiu 1 milhão 

O sonho de ganhar dinheiro fácil fez com que mais de 1 milhão de brasileiros aderissem ao marketing multinível da Telexfree. Desde que começou a atuar em fevereiro de 2012, a empresa passou a ser o foco de muitos trabalhadores. Alguns largaram seus empregos para se dedicar ao negócio, outros venderam propriedades com a intenção de investir o maior valor possível e garantir um alto retorno financeiro.

Hoje, com um ano de atuação, a Telexfree, que tem como razão social o nome Ympactus Comercial, é alvo de inquéritos policiais no Brasil. É investigada pelo Ministério da Justiça e pelo Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também foi acusada de ser pirâmide financeira em um relatório do Ministério da Fazenda.

No documento, a Secretaria de Acompanhamento Econômico, da Fazenda, chega afirmar que o sistema não é sustentável. A nota técnica, inclusive, motivou ao Ministério Público Federal a acompanhar as investigações feitas em todo o país.

No Estado, investigam a corporação a Delegacia de Defraudações e o Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

Reportagens

Em 22 de fevereiro, A GAZETA, CBN e Gazeta Online iniciaram, em conjunto, uma séria de reportagens sobre a Telexfree.

O trabalho mostrou com exclusividade o início das investigações envolvendo a empresa no Espírito Santo e apresentou histórias de pessoas que dizem ter ficado milionárias, como é o caso de Inocêncio Reis (Pelé). Ele, que é ex-vendedor de churrasquinho na Reta da Penha, afirma ter conquistado R$ 3 milhões em 11 meses.

As matérias também apontaram várias inconsistências no modelo de negócios da empresa. Um dos problemas encontrados é a ligação da companhia brasileira com a Telexfree Inc, sediada nos Estados Unidos.

Com exclusividade, o jornal divulgou que o espaço que a empresa utiliza nos Estados Unidos é, na verdade, um escritório virtual. O serviço é contratado por empresas para centralizar atendimento telefônico e recebimento de correspondências.

Em seu site, a empresa afirma estar no centro empresarial Cedar Hill Place, na sala 200, na cidade de Malboro. O espaço é na verdade um escritório virtual que a multinacional Regus disponibiliza para várias empresas por no máximo cinco reuniões esporádicas por mês.

Outro lado: Telexfree diz que vai recorrer

A Telexfree afirma que vai recorrer da decisão da Justiça do Acre. Segundo o advogado da empresa, Horst Fuchs, a companhia tomou conhecimento da decisão apenas ontem e ainda estava analisando o teor do documento. Segundo ele, é óbvio que a liminar concedida pela juíza ao Ministério Público do Acre tem vários erros. Ele afirma que a Telexfree vai impugnar a liminar e pedir ao Tribunal de Justiça do Acre para que derrube a decisão. Ontem, de tarde, o diretor da empresa Carlos Roberto Costa fez um vídeo para reafirmar a segurança da empresa e tranquilizar os divulgadores.

Negócios investigados

O que é a Telexfree
A Telexfree é uma empresa de marketing multinível binário que atua com a venda de telefonia por meio da internet VoIP (voz sobre IP). A companhia tem sede em Vitória e está alocada num escritório virtual em Massachusetts, nos Estados Unidos.

Polêmica
A empresa é acusada de formar pirâmide financeira porque atua com o recrutamento de pessoas para a realização divulgar o VoIP e também publicar anúncios na internet atraindo novos divulgadores. As pessoas são remuneradas a cada pessoa recrutada para fazer parte do sistema e a cada cinco anúncios postados na internet.

Proibição
A juíza Thaís Queiroz Borges de Oliveira Abou Khalil, titular da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco, deferiu o pedido do Ministério Público do Acre e determinou que sejam vedados novos cadastros de divulgadores. A liminar também impede a empresa de efetuar pagamentos aos divulgadores já cadastrados até o julgamento final da ação, sob pena de multa diária de R$ 500 mil.

O que diz a decisão
Na decisão, a magistrada diz há indícios de pirâmide financeira e conduta criminosa. Ela diz que é urgente a atitude de paralisar o crescimento da rede para evitar o esgotamento e consequentes prejuízos a milhares de brasileiros.
Fonte: A GAZETA

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